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Ciência

Derretimento de geleira cria lago de 70 m de profundidade em Bariloche, na Argentina

Por João Paulo Martins  em 29 de julho de 2023

A nova porção de água, fruto do aquecimento global, surgiu na região do Monte Tornador, perto dos Andes

Derretimento de geleira cria lago de 70 m de profundidade em Bariloche, na Argentina
Pesquisadores argentinos se surpreenderam com o novo lago formado pelo derretimento da geleira Ventisquero Negro (Foto: Universidad Nacional del Comahue/Divulgação)

 

Cientistas detectam mais um efeito negativo do aquecimento global: um novo lago surgiu na região do Monte Tronador, perto do cordilheira dos Andes, na região de Bariloche, na Argentina. Segundo o jornal local VDM, a nova porção de água, que chega a ter 70 m de profundidade, é fruto do derretimento da geleira Ventisquero Negro.

Um dos responsáveis pela descoberta do novo lago é a pesquisadora argentina Beatriz Modenutti, da Universidade Nacional de Comahue. Ela faz parte da equipe que analisa o Monte Tronador e afirma que “nas regiões montanhosas, o sinal mais evidente da aceleração da mudança climática é a alarmante perda de geleiras, acabando com determinado ecossistema”.

Além do surgimento de novos lagos, os cientistas alertam que uma grave consequência do derretimento derretimento da geleira é a elevação, em até um grau, da temperatura da água, levando à mudança drástica no ciclo reprodutivo dos animais e, consequentemente, provocando um desequilíbrio no ecossistema aquático. Modenutti diz que “essas pequenas mudanças representam uma grande reviravolta”.

 

Derretimento de geleira cria lago de 70 m de profundidade em Bariloche, na Argentina
Ventisquero Negro

 

Em relação à geleira Ventisquero Negro, observou-se uma retração significativa nos últimos anos, levando à formação do lago com 70 m de profundidade. No entanto, mudanças também foram detectadas no rio Manso e no lago Mascardi, pois a água está ficando mais clara por receber muito menos argila das geleiras.

Os pesquisadores lembram que, desde o final do século XIX, a temperatura média da superfície da Terra aumentou mais de 0,6º C. “A mudança climática pode se tornar crítica”, diz Beatriz Modenutti. Mas a cientista argentina lembra que “ao longo das eras geológicas houve mudanças climáticas, portanto, não é a primeira vez que o planeta sofre aquecimento e resfriamento”.

Porém, ela assegura que o que se vê no Monte Tronador é fruto da emissão desenfreada de gases do efeito estufa, como o CO², especialmente por países como Estados Unidos e China. “Provocam o aquecimento que o planeta está sofrendo atualmente. Estamos em um período no qual a mudança se acelerou e isso realmente é muito alarmante”.