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Ciência

Cientistas israelenses afirmam que cheiro de lágrima de mulher “acalma” homem agressivo

Por João Paulo Martins  em 22 de dezembro de 2023

Nos testes de laboratório, foi possível chegar a quase 44% de redução na agressividade dos participantes

Cientistas israelenses afirmam que cheiro de lágrima de mulher “acalma” homem agressivo
(Foto: Freepik)

 

Um estudo controverso feito em Israel descobriu que homens se tornam menos agressivos depois de cheirar as lágrimas das mulheres. Os resultados foram publicados na última quinta (21/12) na revista científica PLOS Biology.

A pesquisa, realizada pelo Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, descobriu que as lágrimas humanas contêm um componente químico que reduz a atividade em duas regiões cerebrais relacionadas à agressão.

Segundo o jornal americano New York Post, quando os pesquisadores procuraram voluntários para o estudo, a maioria das respostas foi de mulheres, porque “socialmente, para elas é mais aceitável chorar”, como explica a pesquisadora Shani Agron, principal autora do estudo.

No entanto, os cientistas levantaram a hipótese de que as lágrimas não precisam, necessariamente, vir de uma mulher para gerarem esse efeito.

Estudos anteriores com roedores descobriram que as lágrimas das fêmeas dos ratos reduzem as brigas entre os machos, revela o Instituto Weizmann. Inclusive, os ratos-toupeira machos chegam a se lambuzar com as próprias lágrimas para evitar serem atacados pelos indivíduos alfa.

Os cientistas explicam que evidências mostram que cheirar lágrimas reduz o nível de testosterona no sangue.

“Considerando descobertas anteriores que mostram níveis mais baixos de testosterona em homens após cheirar lágrimas e os estudos com roedores, que revelam que as lágrimas reduzem a agressividade, levantamos a hipótese de que isso poderia ocorrer da mesma forma em humanos; no entanto, ficamos surpresos com o efeito que tivemos no teste em laboratório”, conta Shani Agron, citada pelo New York Post.

Depois de coletar lágrimas de seis voluntárias que assistiram a filmes tristes, os pesquisadores expuseram dezenas de homens ao material e a um placebo (líquido salino).

Eles não conseguiam distinguir entre as substâncias, pois ambas eram claras e inodoras.

Os homens então jogaram um game que é usado em estudos sobre agressividade, que inclui um momento em que inimigos tentam roubar dinheiro do jogador. Ele pode se vingar e fazer o oponente perder dinheiro, mesmo que não ganhe nada com isso.

Depois de sentir o cheiro das lágrimas das mulheres, o desejo de vingança dos homens participantes do estudo israelense caiu 43,7%.

O resultado é semelhante ao do estudo envolvendo roedores, mas, ao contrário dos animais, os humanos não têm estrutura no nariz capaz de detectar sinais químicos da solução inodora.

Os pesquisadores analisaram 62 receptores olfativos que desempenham papel fundamental no olfato e descobriram que quatro foram ativados pelas lágrimas, mas não pela solução salina.

Usando ressonância magnética, descobriram que, depois de sentir o cheiro das lágrimas, as áreas do cérebro ligadas à agressão (córtex pré-frontal e a ínsula anterior) ficavam menos ativas.

Como mostra o jornal americano, a ideia é que um componente presente nas lágrimas pode ter evoluído para proteger os bebês de perigos.