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Celebridades

Morre aos 75 anos a atriz Sacheen Littlefeather, que representou Marlon Brando na recusa do Oscar em 1973

Por João Paulo Martins  em 03 de outubro de 2022

A atriz indígena sempre foi uma ativista pelos direitos dos nativos americanos e foi convidada pelo ator de O Poderoso Chefão para representá-lo e recusar o prêmio

Morre aos 75 anos a atriz Sacheen Littlefeather, que representou Marlon Brando na recusa do Oscar em 1973
Em 1973, Sacheen Littlefeather representou o ator Marlon Brando na recusa do Oscar de Melhor Ator (Foto: YouTube/Oscars/Reprodução)

 

A atriz indígena americana Marie Louise Cruz, mais conhecida como Sacheen Littlefeather, ativista dos direitos dos nativos americanos, que ficou mundialmente conhecida ao recusar o Oscar de Melhor Ator de 1973 em nome de Marlon Brando, morreu aos 75 anos. A informação foi confirmada no último domingo (2/10) pelo perfil oficial da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Segundo a emissora estatal britânica BBC, a atriz vinha lutando contra um câncer de mama. Sua morte ocorre duas semanas depois que Sacheen foi homenageada em uma cerimônia em Los Angeles, na Califórnia (EUA), quando recebeu desculpas públicas pelo tratamento na premiação de 1973 – ao substituir o astro de O Poderoso Chefão (1972) na recusa do Oscar.

Na época, enquanto estava realizando o pronunciamento sobre os indígenas nos EUA, a atriz, que é descendente de apaches e yaquis, foi vaiada pelos convidados da cerimônia.

Durante a transmissão ao vivo pela TV, Sacheen Littlefeather subiu ao palco do Oscar vestindo traje apache e explicou em nome de Marlon Brando que o ator não aceitaria o prêmio em protesto contra o tratamento dado aos nativos americanos pela indústria cinematográfica e também sobre a reserva de Wounded Knee, na Dakota do Sul (EUA), que, além do massacre de 1890, também foi palco de manifestações de moradores e ativistas do Movimento Indígena Americano em 1973.

Membro do Sindicato dos Atores de TV e Cinema (Screen Actors Guild), Littlefeather sofreu para conseguir trabalho na indústria após a aparição no Oscar. Citada pela BBC, a atriz disse em entrevista que “nunca é tarde demais para um pedido de desculpas... Nunca é tarde demais para o perdão”.

A ativista comentou ainda que fez o discurso do Oscar para homenagear seus ancestrais e "povos nativos de todos os lugares". “Fui recebida com o estereótipo da machadinha tomahawk, indivíduos gritaram comigo e ignorei todos eles. Continuei andando em frente com alguns guardas armados ao meu lado, mantive minha cabeça erguida e fiquei orgulhosa de ser a primeira mulher indígena na história do Oscar a fazer uma declaração política. Naquela época, em 1973, houve um apagão da mídia no Wounded Knee e contra o Movimento Indígena Americano que o ocupava. Marlon ligou para eles com antecedência e pediu que assistissem ao Oscar, e eles o fizeram”.

Em 2020, Sacheen Littlefeather disse à BBC que logo após o discurso de recusa do prêmio, teve que deixar o palco com dois seguranças. Mas, acrescentou, que “foi uma coisa muito boa” já que o ator John Wayne estava nos bastidores. Ela disse que ele estava “furioso com Marlon e furioso comigo” e queria tirá-la do palco ele mesmo.

Ainda assim, a atriz indígena apareceu em filmes como O Julgamento de Billy Jack (1974), mas voltou a São Francisco depois de ser colocada na lista negra da indústria, para continuar com o ativismo e trabalhar na área da saúde e teatro.

Ao anunciar a morte de Littlefeather, a Academia citou o documentário de 2021, Sacheen Breaking the Silence, dizendo: “vozes vivas de nossas nações e nosso povo”.