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Culpa das vacas? Moradores de Gelligaer, no Reino Unido, dizem que fazenda fede tanto que nem conseguem vender imóveis

Por João Paulo Martins  em 28 de setembro de 2023

Os residentes reclamam de uma propriedade que faz compostagem e reciclagem de resíduos, incluindo esterco, gerando um fedor que já dura 20 anos

Culpa das vacas? Moradores de Gelligaer, no Reino Unido, dizem que fazenda fede tanto que nem conseguem vender imóveis
(Foto: Freepik)

 

Moradores da pequena cidade de Gelligaer, em Caerphilly, no País de Gales, estão reclamando do fedor exalado por uma fazenda que foi transformada em usina sustentável de eliminação de resíduos e por uma pedreira de arenito. Segundo os residentes, o cheiro é tão desagradável que não conseguem vender as casas e, às vezes, nem abrir as janelas. 

Ao site local WalesOnline, os moradores contam que o problema vem ocorrendo há 20 anos.

O responsável pela propriedade chamada Gelliargwellt Uchaf, que ocupa 350 hectares, é o Grupo Bryn – que pertence à família Price há cinco gerações. A empresa disse ao site que a fazenda familiar se transformou em uma enorme operação de gestão ecologicamente correta de resíduos e comercializa energia renovável.

O local ainda possui um rebanho de 720 vacas holstein-frísia e emprega mais de 100 pessoas nos serviços de reciclagem, compostagem, transformação de resíduos alimentares em eletricidade renovável e fertilizantes, além da pedreira de arenito, usado em estradas.

Embora os moradores digam que não lamentam que a família Price tenha diversificado seus negócios e obtido sucesso, estão frustrados por terem de suportar o que consideram ser um “fedor constante 365 dias por ano”. Embora tenham criado um grupo de interlocução com a empresa no início deste ano, de acordo com o WalesOnline, os residentes afirmam que não são convidados para as conversas com o Grupo Bryn e se sentem ignorados.

Sherry Spencer, de 72 anos, que sempre viveu em Gelligaer, afirma ao site que as explosões da pedreira causaram rachaduras em sua casa, enquanto o cheiro proveniente da fazenda a impediu de vender o imóvel.

Desde 2016, a empresa vem utilizando um digestor anaeróbico para transformar resíduos alimentares, fezes e urinas do gado em eletricidade. Essa atividade, conforme relatam os moradores, é que causaria o cheiro insuportável. Um segundo digestor anaeróbico já foi adquirido e, em breve, deve ser colocado em prática. Mas o Grupo Bryn insiste que o processo de transformação de resíduos “não tem cheiro”.

Um porta-voz disse ao WalesOnline: “As vacas comem muita silagem, que cultivamos em nossa fazenda, e produzem uma grande quantidade de esterco, que processamos no local junto aos resíduos de alimentos de Caerphilly, em nosso digestor anaeróbico. Tomamos medidas significativas para gerir o esterco do gado, tais como melhorar a gestão da água da chuva, o que mantém a água limpa da chuva separada do esterco [...] O recente período de calor coincidiu com a nossa última colheita de silagem. Parte desse processo consiste em espalhar biofertilizante digerido na terra, o que requer cerca de sete a 10 dias de trabalho sólido. Tal como espalhar esterco bruto para fertilizar, o que os agricultores têm feito durante séculos, o biofertilizante digerido exala um odor quando é espalhado.”

Mas os moradores locais dizem que o uso ecológico da terra pelo grupo tornou a vida em Gelligaer um “pesadelo” e que a cidade, que tem quase 20 mil habitantes, nunca seria um local adequado para abrigar uma usina de gerenciamento de resíduos.

“Não é um cheiro típico de agricultura. Estamos rodeados de fazendas aqui há mais de um século e nunca tivemos cheiros como os que temos agora. É um cheiro sulfuroso, como se um ácido tivesse subido pelo seu nariz. Outras vezes é como se houvesse um banheiro público no seu quintal”, comenta Sherry Spencer, que faz parte do grupo de interlocução com a empresa.