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Alimentação

Polêmica: ONG britânica passa a recomendar alimentos ultraprocessados como parte da dieta saudável

Por João Paulo Martins  em 27 de abril de 2023

Segundo a Fundação Britânica de Nutrição, produtos industrializados como feijão cozido e molho de tomate podem ser nutritivos para quem não tem tempo ou dinheiro

Polêmica: ONG britânica passa a recomendar alimentos ultraprocessados como parte da dieta saudável
(Foto: Pixabay)

 

Todo mundo sabe que se deve evitar o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados. Mas em relatório divulgado em abril de 2023, a ONG Fundação Britânica de Nutrição (British Nutrition Foundation) afirma que alguns desses alimentos, como o feijão cozido enlatado, podem fazer parte de uma dieta saudável.

Como mostra o jornal britânico The Times, a ONG realizou um estudo e descobriu que o feijão cozido ultraprocessado pode ser uma importante fonte de nutrientes e proteínas.

Vale lembrar que o termo ultraprocessado se aplica a todos os alimentos e bebidas feitos por processamento industrial, contendo aditivos como corantes, aromatizantes, emulsificantes ou conservantes. Esses produtos são cada vez mais consumidos e têm sido associados ao câncer, à obesidade e a doenças cardíacas. Por isso, muitos nutricionistas pedem a restrição na ingestão de ultraprocessados e no aumento dos impostos que incidem sobre eles, para reduzir as vendas.

“Para muitos de nós, quando chegamos em casa depois de um dia agitado, alimentos como feijão cozido, torradas integrais, empanados de peixe ou molhos prontos para massas são uma maneira fácil de se ter uma alimentação rápida. Esses alimentos podem ser classificados como ultraprocessados, mas ainda podem fazer parte de uma dieta saudável. É ótimo poder cozinhar do zero quando se tem tempo, mas sei que, muitas vezes não é uma opção. Precisamos tornar a alimentação saudável mais fácil e acessível, não difícil e cara. Escolher alimentos processados ​​mais saudáveis é uma maneira de ajudar as pessoas a inserir uma alimentação saudável em suas vidas”, comenta Bridget Benelam, porta-voz da Fundação Britânica de Nutrição, em entrevista ao jornal.

No Brasil, de 2008 a 2018, o consumo de alimentos ultraprocessados pelos brasileiros teve aumento médio de 5,5%. Esse dado faz parte de um estudo divulgado pela Revista de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Destaque para refrigerantes, biscoitos doces e salgados, macarrão instantâneo, refeições congeladas, doces, balas, chocolates e embutidos como presunto e mortadela.

Ainda de acordo com o levantamento, mulheres, adolescentes, pessoas brancas, com maior renda e escolaridade e moradores de áreas urbanas e das regiões Sul e Sudeste são as que mais consomem ultraprocessados no Brasil. Outro dado aponta que cerca de 20% das calorias consumidas pelos brasileiros vêm de ultraprocessados.

“Demonizar todos os alimentos processados pode fomentar sentimentos de culpa e estigma em torno das escolhas alimentares, afetando negativamente a ingestão de fontes de nutrientes mais acessíveis. O aumento das habilidades culinárias deve, sem dúvida, ser incentivado, mas mensagens negativas podem significar que temos que gastar mais dinheiro com alimentos não processados e mais tempo na cozinha para preparar refeições mais saudáveis completamente do zero, quando esse não é o caso”, diz o relatório da Fundação Britânica de Nutrição, citado pelo The Times.

A ONG sugere os seguintes ultraprocessados como parte de uma alimentação saudável: feijão cozido, pão integral fatiado, molhos para massas à base de tomate, iogurtes de frutas. Já este devem ser evitados: refrigerantes, bolos, gelados, doces e frituras de fast-food.