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Saúde

No Dia Mundial das Doenças raras, conheça a Doença de Niemann-Pick

Por João Paulo Martins  em 28 de fevereiro de 2021

Uma família americana perdeu três filhos para essa condição de saúde que afeta uma em cada 130.000 pessoas

No Dia Mundial das Doenças raras, conheça a Doença de Niemann-Pick
O casal americano Stewart e Toni Mathieson perderam a pequena Lucy para a rara Doença de Niemann-Pick em 2005 (Foto: Mirror.co.uk/Arquivo Pessoal/Reprodução)

No último dia de fevereiro (em 2021 é neste domingo, 28), no Brasil e em diversos outros países é considerado o Dia Mundial das Doenças Raras.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia, em texto publicado em seu site oficial, uma doença é classificada como rara quando afeta até 65 pessoas em cada grupo de 100 mil. "No Brasil, a estimativa é de que 13 milhões de indivíduos convivam com alguma condição rara. A maioria dessas doenças [75%] se manifesta no início da vida e acomete, principalmente, crianças até 5 anos", informa a entidade médica.

É o caso da Doença de Niemann-Pick tipo-C, que acomete uma pessoas em cada grupo de 130.000. Essa condição virou notícia após vitimar três filhos de uma família americana.

Como mostra o jornal americano The Washigton Post, Lucy Mathieson nasceu com o fígado hipertrofiado (aumentado), icterícia (pele amarelada) e o baço maior do que o normal. Depois de passar por uma série de testes, seus pais, Toni e Stewart Mathieson, receberam a notícia devastadora de que sua filha tinha a doença de Niemann-Pick tipo-C e apenas seis meses de vida.

Segundo o periódico, a doença rara impede o corpo de decompor as gorduras das células em torno de órgãos vitais, como o cérebro e o fígado.

Lucy desafiou as probabilidades e viveu até os 4 anos, mas tragicamente os outros dois filhos do casal que vive em Washington (EUA), Hannah e Samuel, morreram ainda bebês, vítimas da mesma condição de saúde.

"Quando tivemos nossa primeira filha em 2003, descobrimos que tinha uma doença muito rara chamada Niemann-Pick tipo-C. Com isso, iniciamos nossa jornada no mundo das doenças raras. Elas não faziam parte de nosso cotidiano. Foi um choque, para dizer o mínimo", conta Toni Mathieson ao Washington Post.

À medida que a pequena Lucy crescia, ela não conseguia mais falar ou andar, e a doença começou a se instalar quando ela tinha cerca de 2 anos.

"Lucy nunca atingiu realmente seus marcos nos primeiros anos de vida, embora eu deva dizer que ela era uma criança muito brilhante e feliz e acabou começando a engatinhar, embora nunca fosse capaz de falar ou andar direito. A partir dos 2 anos, a doença meio que se instalou e começou a progredir e fez com que ela passasse a não ser capaz de engolir e a ficar inconsciente, afetava sua visão e não conseguia andar e precisava de cuidados 24 horas", revela a mãe ao periódico americano.

Quando Toni e Stewart engravidaram de Hannah e, em seguida, de Samuel, havia uma chance em quatro de eles terem a doença, segundo o jornal.

"Eles faleceram ainda bebês. Infelizmente foram gravemente afetados pela Niemann-Pick tipo-C. Ambos nascidos em 2004, com minha filha Hannah em janeiro e nosso filho Sam em dezembro", diz a mãe ao Washington Post.

Entenda a doença

De acordo com a Associação Niemann Pick & Batten Brasil, em artigo publicado em seu site, a Doença de Niemann-Pick consiste num grupo de síndromes genéticas muito raras que são herdadas dentro da mesma família e que provocam o acúmulo de gordura em alguns órgãos como cérebro, baço e fígado.

Dependendo dos órgãos afetados, e dos sintomas, a rara condição de saúde pode ser dividida em três grupos principais:

  • Tipo A: é o mais severo e normalmente surge nos primeiros meses de vida, diminuindo a sobrevivência para cerca de 4 a 5 anos
  • Tipo B: é uma forma menos severa e permite a sobrevivência até à idade adulta
  • Tipo C: é o mais frequente e normalmente surge na infância, mas pode se desenvolver em qualquer idade

"Quando surgem sintomas que podem indicar esta doença, ou existem outros casos na família, normalmente o médico faz exames de diagnóstico, como um exame de medula óssea ou biópsia da pele, para confirmar a presença da doença", esclarece a associação em seu site.