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Saúde

Estudo associa excesso de ferro no organismo à insuficiência cardíaca

Por João Paulo Martins  em 07 de fevereiro de 2021

O nutriente essencial para o transporte de oxigênio nas células também está ligado ao músculo do coração. Entenda!

Estudo associa excesso de ferro no organismo à insuficiência cardíaca
(Foto: Pixabay)

A insuficiência cardíaca – caracterizada pelo enfraquecimento do músculo do coração, que deixa de bombear adequadamente sangue para o corpo – é conhecida por interromper o metabolismo do ferro, causando deficiência desse nutriente em cerca de 50% dos pacientes. Mas cientistas não sabem se essa mudança é prejudicial ou realmente protege o coração de mais danos.

Um novo estudo realizado pela universidade King’s College de Londres, no Reino Unido, e pela Faculdade Médica de Osaka e pela Universidade de Osaka, ambas no Japão, sugere que níveis excessivos de ferro livre no coração podem piorar a insuficiência cardíaca.

A pesquisa, publicada na última quinta (4/2) na revista científica eLife, realizada com cobaias, sugere que quando o ferro é liberado dos estoques das células do coração, ele cria radicais livres contendo oxigênio altamente reativo, que danificam o músculo cardíaco.

“O ferro é essencial para muitos processos no corpo, incluindo o transporte de oxigênio, mas seu excesso pode levar ao acúmulo de moléculas de oxigênio instáveis que podem matar as células”, diz o pesquisador Jumpei Ito, da King’s College, principal autor do estudo, citado pelo site Medical News Today.

Risco dos suplementos à base de ferro

Os ensaios clínicos demonstraram que administrar ferro intravenoso a pessoas com insuficiência cardíaca com deficiência do nutriente melhora os sintomas. No entanto, os cientistas dizem que a pesquisa atual levanta preocupações sobre a segurança da suplementação prolongada de ferro.

“Pacientes com insuficiência cardíaca e deficiência de ferro são atualmente tratados com suplementos, que estudos anteriores mostraram ajuda na redução dos sintomas”, comenta o pesquisador Kinya Otsu, da King’s College, um dos autores do estudo, também citado pelo site especializado.

Segundo ele, o trabalho recém-publicado não contraria esses estudos, mas sugere que a redução da morte celular dependente de ferro no coração pode ser uma nova estratégia de tratamento para os pacientes.

Testando a relação entre ferro e coração

Para revelar o efeito do ferro livre nas células do coração durante a insuficiência cardíaca, os pesquisadores investigaram o que aconteceria se o ferro permanecesse preso em uma proteína chamada ferritina, responsável pelo seu armazenamento.

Quando os níveis de ferro livre estão baixos, outra proteína chamada coativador do receptor nuclear 4 (NCOA4) desencadeia nas células a liberação do ferro armazenado na ferritina.

Primeiro, os pesquisadores criaram ratos sem o gene para a produção de NCOA4 nas células do músculo cardíaco. Quando simularam a insuficiência cardíaca nessas cobaias e em animais normais, descobriram que os corações dos ratos geneticamente modificados sofriam menos alterações prejudiciais.

Mais especificamente, os pesquisadores descobriram que os corações das cobaias deficientes do coativador do receptor nuclear 4 não desenvolveram níveis excessivos de ferro livre ou de radicais livres tóxicos que matam as células em casos de insuficiência cardíaca.

“Nossos resultados sugerem que a liberação de ferro pode ser prejudicial ao coração. Isso pode levar a níveis de oxigênio instáveis, morte nas células do coração e, por fim, insuficiência cardíaca”, esclarece Jumpei Ito ao Medical News Today.