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Bolsonaro usa informação não sustentada sobre eficácia de 56% da ivermectina contra covid-19

Por João Paulo Martins  em 09 de julho de 2021

O presidente disse em sua live semanal que o tratamento precoce usando remédios como o famigerado vermífugo será reconhecido mundialmente em breve

Bolsonaro usa informação não sustentada sobre eficácia de 56% da ivermectina contra covid-19
Ao lado do ministro Marcos Pontes, Jair Bolsonaro usa equivocadamente a informação da suposta eficácia da ivermectina na prevenção das mortes por covid-19 (Foto: YouTube/Foco do Brasil/Reprodução)

Em sua live semanal no YouTube, realizada na última quinta (8/7), o presidente Jair Bolsonaro voltou a valorizar o chamado tratamento inicial ou precoce para a covid-19, que usa medicamentos não aprovados para tal fim, como a hidroxicloroquina, indicada para pacientes com lúpus e malária, e o vermífugo ivermectina.

No caso do anti-helmíntico, Bolsonaro lê um documento impresso da internet que cita um estudo mostrando a suposta eficácia de 56% da ivermectina na prevenção das mortes em infectados pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

“Mais cedo ou mais tarde vai ser comprovado cientificamente o uso da ivermectina no tratamento precoce [da covid-19]. Esse número perto de 50% é sinal de que podia ser evitada metade das mais de 500 mil mortes, se não fosse politizado por alguns, ou grande parte da mídia e por muitos médicos, o tratamento precoce ou inicial. Quero ver como essas pessoas vão se comportar, lá na frente, quando tivermos a certeza, no Brasil, de ‘fora para dentro’, já que aqui é quase impossível discutir esse assunto, de que mortes poderiam ter sido evitadas”, diz o presidente em sua live do YouTube.

Porém, com certeza Jair Bolsonaro usou como fonte algum site que não esclareceu a pesquisa publicada na última terça (6/7) no repositório científico Open Forum Infectious Diseases.

Como o TrendsBR mostrou na última quinta (8/7), o estudo referido pelo presidente é uma meta-análise de outras pesquisas, portanto, não possui caráter clínico. Além disso, os 56% de eficácia foram baseados em uma amostra muito pequena de mortes. Foram 128 vítimas da covid-19 em 11 ensaios clínicos avaliados pelos cientistas.

O verdadeiro estudo sobre os possíveis efeitos da ivermectina no tratamento da infecção causada pelo SARS-CoV-2 ainda está sendo realizado pela Universidade de Oxford por meio da plataforma intitulada Principle, que teve início em junho.