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Doença rara e bizarra: cientistas relatam caso de jovem alérgico ao próprio orgasmo

Por João Paulo Martins  em 11 de outubro de 2022

O homem de 27 anos foi diagnosticado com a rara síndrome da doença pós-orgástica, uma condição autoimune associada à alergia ao próprio esperma

Doença rara e bizarra: cientistas relatam caso de jovem alérgico ao próprio orgasmo
(Foto: Freepik)

 

Estudo publicado em 18 de agosto na revista médica Urology Case Reports apresenta o bizarro caso do homem que deixou de fazer sexo, inclusive masturbação, porque é alérgico ao próprio orgasmo.

O jovem de 27 anos, que não teve a identidade revelada, sempre aparecia com sintomas gripais logo após ejacular. Essa doença “misteriosa” teria começado cerca de 10 anos antes e o levou a evitar relações sexuais ou mesmo começar um relacionamento romântico, revela o tabloide britânico Daily Mail.

Apesar de ser uma condição bizarra, o homem é um dos quase 60 pacientes até hoje diagnosticados com a chamada síndrome da doença pós-orgástica.

Como mostra o tabloide, os cientistas acreditam que o problema é uma resposta alérgica, ou autoimune, ao próprio esperma. Por isso é exclusiva do público masculino. A doença seria caracteriza por febre, tosse, espirros, fraqueza muscular e até problemas de fala, concentração e memória.

Os sintomas podem durar de dois dias a uma semana após a ejaculação, dizem os médicos, citados pelo Daily Mail.

Mas, como poucos homens estão cientes de que podem sofrer dessa condição, segundo o pesquisador Andrew Shanholtzer, da Escola de Medicina William Beaumont, da Universidade de Oakland (EUA), um dos autores do estudo. "Muitos profissionais de saúde não sabem disso, muito menos o público. É mais do que provável que seja subdiagnosticado, com muitos doentes vivendo por aí”, afirma o cientista ao tabloide.

Infelizmente, não há uma causa conhecida para a síndrome. Mas Shanholtzer acredita que o problema pode começar após uma infecção ou lesão nos testículos, quando quantidades microscópicas de esperma acabam vazando na corrente sanguínea, gerando uma resposta do sistema imunológico. Normalmente, o esperma fica contido em uma membrana que o separa do resto do corpo.

“As células imunológicas do corpo são treinadas para atacar qualquer substância estranha. Existem as chamadas células de Sertoli que nutrem e cercam os espermatozoides e os mantêm isolados das células imunes. Quando as células de Sertoli são danificadas, o esperma é exposto ao sistema imunológico pela primeira vez e é atacado como se fosse um vírus ou bactéria estranha”, explica Andrew Shanholtzer, citado pelo Daily Mail.

No estudo recente, o jovem de 27 anos desenvolvia tosse, coriza, espirros e erupção cutânea nos braços sempre que tinha um orgasmo. As glândulas linfáticas em seu rosto e pescoço também inchavam e piorava quanto mais ele gozava.

“Por causa da natureza angustiante de seus sintomas, ele evitou ativamente qualquer atividade sexual ou relacionamento romântico”, afirmam os pesquisadores.

O paciente procurou diversos médicos, incluindo urologistas, otorrinolaringologistas e até infectologistas. Eles realizou exames nos testículos e teve seu sêmen e hormônios analisados, mas todos os resultados foram normais. Até antibióticos foram indicados, sem sucesso.

Mas depois de experimentar diferentes antialérgicos, os médicos descobriram que um remédio de ação prolongada, chamado cloridrato de fexofenadina (mais conhecido pela marca Allegra), levou a uma redução de 90% dos sintomas.