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Cultura

Pesquisadora dos EUA usa bactérias do intestino como tela para rodar o jogo Doom original

Por João Paulo Martins  em 29 de janeiro de 2024

O problema é que as Escherichia coli demoram tanto para formar as imagens que o game seria finalizado em cerca de 600 anos

Pesquisadora dos EUA usa bactérias do intestino como tela para rodar o jogo Doom original
Doom, lançado em 1993, é um dos jogos clássicos de computador (Foto: id Software/Reprodução)

 

O jogo Doom (1993), lançado originalmente para o sistema DOS (Disk Operating System), é um dos clássicos da área de entretenimento digital e, por ser tecnicamente “simples”, em comparação com os games atuais, pode ser adaptado para diferentes “plataformas”, de teste de gravidez a uma colônia de bactérias Escherichia coli.

Parece mentira, mas a estudante de doutorado Lauren Ramlam, do curso de Biologia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (ou MIT, na sigla em inglês), teve a grande ideia de fazer com que Doom fosse jogado em uma “tela” formada pelas bactérias intestinais (E. coli).

Como mostra o site americano PC Gamer, o desafio foi projetar uma maneira na qual o jogo de tiro em primeira pessoa (first person shooter ou FPS) fosse exibido pelas células, por meio de proteínas fluorescentes. Essencialmente, a colônia de micro-organismos funciona como uma tela em preto e branco com resolução 32x48 – cada bactéria representa um pixel.

A ideia é relativamente simples: comprimir visualmente os frames (quadros do jogo) de Doom e, em seguida, replicar os pixels “ligados” e “desligados” por meio das bactérias fluorescentes. Contudo, o único gargalo que o projeto de Ramlam tem é bastante importante. O problema é que as E. coli fazem isso de forma relativamente lenta e, depois de gerar cada “quadro”, há um intervalo de tempo significativo antes que as células retornem ao seu estado inicial e estejam prontas para exibir o próximo frame.

Segundo Lauren Ramlam, levando em conta o tempo gasto pelas E. coli para gerar cada quadro (considerando os “frames per second” ou FPS), a tela das bactérias seria capaz de rodar totalmente o jogo Doom em cerca de 600 anos.

“Concluindo, são necessários aproximadamente 70 minutos para atingir o pico de exibição da GFP [proteína fluorescente] em ligado e desligado, e um total de oito horas e 20 minutos para a célula retornar ao estado inicial. A taxa de quadros [FPS] do Doom original é limitada a 35 por segundo, e o tempo médio de finalização do game é de aproximadamente cinco horas. Fazendo as contas, isso significa que levaria 599 anos para executar o Doom nas bactérias, de acordo com a simulação”, comenta a doutoranda, citada pelo PC Gamer.

Lauren teoriza que isso pode ser acelerado diminuindo o tempo que a bactéria leva para retornar ao seu estado inicial.