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Cultura

Após Johnson & Johnson, é a vez da Avon ser processada por talco que teria ingrediente cancerígeno

Por João Paulo Martins  em 18 de dezembro de 2022

Tribunal Superior da Califórnia entendeu que o talco presente em produtos da Avon teriam amianto, um componente considerado cancerígeno

Após Johnson & Johnson, é a vez da Avon ser processada por talco que teria ingrediente cancerígeno
(Foto: Facebook/Avon/Reprodução)

 

A Avon, multinacional americana da área de cosméticos, foi condenada por um júri da Califórnia a pagar US$ 40 milhões (cerca de R$ 212 milhões) a uma mulher de 76 anos que acusa o talco da empresa de ter causado câncer nela. O processo de número 22STCV05968 está sendo julgado pela divisão civil do Tribunal Superior da Califórnia no condado de Los Angeles.

Segundo o jornal americano Bloomberg, o veredito foi proferido na última quarta (14/12) em favor de Rita Chapman. Essa é a primeira derrota da gigante americana em processos ligados aos produtos contendo talco. Os jurados em Los Angeles concluíram que os produtos constantes do processo contra a Avon continham talco contaminado com amianto e, assim, teriam contribuído para o surgimento de um mesotelioma (câncer do mesotélio, que é a membrana que reveste o tórax e o abdômen) na idosa.

A indenização de US$ 40 milhões seria destinada à cobertura dos custos médicos e dos danos morais causados à Rita Chapman, revela o jornal. O mesmo júri avaliará se a Avon – que foi adquirida pela Natura em 2020 – também deve pagar por outros danos.

Emilia Lebron, porta-voz da Natura, não respondeu ao pedido de resposta do Bloomberg.

Somente em 2020, a Avon já teria enfrentado quase 130 processos relacionados ao talco supostamente contaminado com amianto. Nesse mesmo ano, a empresa disse que estava removendo o controverso ingrediente de seus produtos, que agora são amplamente comercializados fora dos Estados Unidos, revela o jornal americano.

No caso de Rita Chapman, os jurados concluíram que a administração da Avon sabia que o talco nos produtos representava risco de câncer, mas falhou em alertar os consumidores, de acordo com o veredito. Eles também descobriram que os executivos da empresa teriam agido com “malícia, opressão ou fraude” ao esconder os riscos à saúde causados pelos produtos. Isso permite que a empresa possa ser obrigada a indenizar outros consumidores.

A idosa que abriu o processo reside em Scottsdale, no Arizona (EUA), e foi diagnosticada em 2021 com mesotelioma, um câncer muito ligado à exposição ao amianto, de acordo com o jornal.

A decisão judicial contrária à Avon ocorre no momento em que um tribunal federal de apelações avalia se outra empresa americana, a biofarmacêutica Johnson & Johnson, pode continuar a usar com um pedido de falência da unidade responsável por produzir talco para bebê, após terem surgido milhares de casos de mulheres que culpam esse produto por gerar tumores.

Como lembra o Bloomberg, a pedra de onde se retira o talco costuma ser encontrada junto à do amianto, que é considerado potencialmente carcinógeno.