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Ciência

Usuários de maconha podem ter níveis perigosos de metais pesados no organismo, diz estudo

Por João Paulo Martins  em 04 de setembro de 2023

Cientistas encontraram altas concentrações de cádmio e chumbo no sangue e na urina de usuáriso frequentes de Cannabis sativa

Usuários de maconha podem ter níveis perigosos de metais pesados no organismo, diz estudo
(Foto: Freepik)

 

Estudo publicado na última quarta (30/8) no periódico científico Environmental Health Perspectives encontrou altos níveis de metais pesados no sangue e na urina de usuários de maconha em comparação com os que não fumavam a droga.

Como explica o site americano News Medical, a Cannabis sativa é conhecida por ser uma hiperacumuladora de metais presentes no solo, fertilizantes, água e pesticidas. Altas concentrações de metais já foram detectadas na fumaça do cigarro de maconha sem filtro e em dispositivos vaporizadores (como e-cigarettes).

No estudo atual, cientistas analisaram dados da Pesquisa Nacional de Nutrição e Saúde (National Health and Nutrition Survey ou NHANES) dos Estados Unidos, liderado pelo Centros de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention). Foram usadas informações do NHANES coletadas entre 2005 e 2018. Dos 70.190 participantes identificados no período do estudo, 10.921 forneceram dados sobre metais presentes em suas amostras de sangue e urina.

Todos os voluntários tinham 18 anos ou mais. Um total de 7.254 participantes foram considerados no estudo recém-publicado, pois preencheram todos os critérios de elegibilidade.

Os níveis de metais no sangue e na urina foram medidos por meio de espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Já o uso de maconha e tabaco pelos participantes foram analisados pelos níveis de cotinina (nicotina metabolizada) e autorrelatos.

Em comparação com os não fumantes da droga, os usuários médios de Cannabis eram mais propensos a serem mais jovens, instruídos, terem um rendimento mais elevado, serem homens brancos não-hispânicos e terem um índice de massa corporal (IMC) mais baixo. Entre os participantes que não usavam maconha ou tabaco recentemente, 47% relataram uso da droga alguma vez na vida.

Em comparação com os não usuários de maconha, foram encontradas concentrações mais elevadas de cádmio (Cd) e chumbo (Pb) no sangue e na urina dos consumidores exclusivos de Cannabis, especialmente nos que usaram a droga nos últimos sete dias da coleta das amostras.

Os cientistas também detectaram nível elevado de mercúrio (Hg) nos voluntários que só fumavam maconha. No entanto, os níveis de Hg diminuíram quando o intervalo entre os usos da droga aumentavam. Curiosamente, os que só fumavam tabaco apresentaram maiores concentrações de antimônio (Sb), bário (Ba), Cd, Pb, tungstênio (W) e urânio (U).

“Encontramos associações gerais entre os níveis de metais no organismo e o uso exclusivo de maconha, destacando a relevância da maconha para a exposição ao metal e a importância de estudos de acompanhamento para identificar as implicações a longo prazo dessas exposições. As pesquisas futuras de contaminantes da Cannabis devem avaliar outros contaminantes preocupantes e potenciais efeitos para a saúde”, afirmam os pesquisadores.