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Bem-Estar

Trabalhos que exigem mais da mente podem evitar a demência, dizem cientistas

Por João Paulo Martins  em 19 de agosto de 2021

Segundo estudo, tarefas que estimulam o cérebro ajudam a evitar a produção de proteínas associadas à redução das sinapses no cérebro, fator que contribui para a demência

Trabalhos que exigem mais da mente podem evitar a demência, dizem cientistas
(Foto: Freepik)

Pessoas com empregos que promovem maior estímulo mental têm um risco menor de desenvolver demência na velhice, segundo um estudo publicado nesta quinta (19/8) no periódico científico The British Medical Journal.

Como mostra o site americano de notícias médicas Medical Xpress, uma possível explicação é que a estimulação mental está ligada a níveis mais baixos de certas proteínas que levam à redução no número de novas conexões cerebrais (processos chamados de axonogênese e sinaptogênese).

A equipe internacional de pesquisadores avaliou estudos feitos no Reino Unido, Europa e Estados Unidos e que traziam ligações entre fatores relacionados ao trabalho e doenças crônicas, deficiências e mortalidade.

Os cientistas se aprofundaram em três associações: estimulação cognitiva e risco de demência em 107.896 participantes (42% homens; idade média de 45 anos) de sete estudos do consórcio europeu IPD-Work, um projeto de pesquisa colaborativa de 13 estudos; estimulação cognitiva e proteínas em uma amostra aleatória de 2.261 voluntários de um estudo; e proteínas e risco de demência em 13.656 participantes de dois estudos.

A estimulação cognitiva relacionada ao trabalho foi medida no início da pesquisa e os participantes foram monitorados por uma média de 17 anos.

Segundo o Medical Xpress, os trabalhos “ativos” que estimulam cognitivamente incluem tarefas exigentes e de alta demanda decisória, enquanto os “passivos”, ou não estimulantes, são aqueles com baixa demanda e falta de controle do trabalho.

Depois de ajustar fatores que poderiam influenciar os resultados, como idade, sexo, nível de escolaridade e estilo de vida, o risco de demência foi menor nos participantes que executavam tarefas com elevado estímulo cognitivo em comparação com os do trabalho passivo. O estudo descobriu que 4,8 em cada 10.000 pessoas desenvolviam a doença anualmente no grupo de alta estimulação e 7,3 adquiriam demência no grupo de baixa estimulação.

Essa descoberta permaneceu mesmo após ajustes adicionais para uma gama de fatores de risco de demência, incluindo doenças cardiometabólicas (diabetes, doença arterial coronariana e derrame).

De acordo com o site especializado, os benefícios do trabalho estimulante não mudaram entre homens e mulheres ou entre pessoas com menos de 60 anos, mas há uma indicação de que eles são mais fortes para o Mal de Alzheimer do que para outras demências.

As tarefas que promovem estimulação cognitiva também foram associadas a níveis mais baixos de três proteínas ligadas à redução das sinapses (conexões cerebrais) na idade adulta, fornecendo pistas para possíveis mecanismos biológicos subjacentes.

É importante dizer que o estudo recém-publicado é observacional, portanto não é possível estabelecer relação de causa entre o trabalho que estimula o cérebro e a prevenção ou adiamento da demência.